quarta-feira, 7 de abril de 2010

cidade

a triste cidade insalubre
e sua gama de cores
veste em dourado
as putas curtidas
e damas distintas
com seus senhores:
alguns genuínos,
alguns impostores.

-queria estar cansada
e não poder fingir.-

mas me vejo exaltada
e meu sangue cinza
escorre na vala.
em minhas vestes
trago a poeira
das ruas que não habito
mas guardam de mim
silêncio e grito.

meus pés percorreram
toda e qualquer via
tudo procurei,
achei e perdí.
e em doce delírio
chorei ao partir
mas com ou sem temor
vendi minha alma
e já não estou aqui

julgo incoerente
do luxo ascendente
ao berço de lixo
teus braços e afluentes
acolhem teu prodígio
em glória decadente.

Um comentário:

  1. em minhas vestes
    trago a poeira
    das ruas que não habito
    mas guardam de mim
    silêncio e grito.

    eu tb conheço isto. leve e poderoso. parabéns, marina!

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