sábado, 9 de junho de 2012



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fui eu que nem soube
se foi este ou outro
o amor que engoli

se algo almeijo
é por teu desejo
me partindo o peito,
a me dilacerar.

este ou outro canto
teu braço, meu abraço
meu peito, teu pranto
me traz de volta
o desencanto
de aqui planejar
guardar-te cativa
em nosso lar








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são as portas do quarto,
as rodas no pé
as asas no carro
que segue, ou nem tanto
guardar ao meu lado
da pele o cheiro, é teu canto


armadilhas do celeiro
e a falta dela
e o excesso dela
e o descado dela
e o carinho dela

não foi a saia da donzela
nem a lama dos sapatos dela
sem teu mal, ou sequer bem me quer

te querer, ter e perder
é pesado, dói sustentar
teu querer, a sequela
do passado a testar
se a moça bela já soube te amar.

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vendi minha alma,
sem qualquer receio
só pra te agradar
e roubei a tua
sem pôr no lugar

e ainda nem sei
onde foram parar
nossos corpos vazios

quem sabe circulem
em campos sombrios?

universos, versos,
distantes vizinhos

não tenho mais pernas
nem posso correr
para me esconder
ou te procurar.

eu fico em meu canto
e o tempo passando
e tudo mudando
fora do lugar

mas só deixo estar -
eu não vou embora
só fico de fora
até tudo acabar





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