quarta-feira, 31 de março de 2010

luzes

das horas em branco
escorre lentamente o dia
me mantenho acordada
absorvendo a luz
que tanto me avaria.

é a noite e seu véu
que me envolde o âmago
e me embriaga
de sua escuridão

e hoje a noite crua
me pede perdão
se por compaixão
sou mais uma das tuas

eu devolvo hesitante
ao espelho dos teus olhos
a cor que é só minha

a hora metamórfica
difusa em luz do dia
meu corpo é poeira
a alma agonia.

quinta-feira, 25 de março de 2010

teia

se pudesse meu desejo
chegar ao tempo
que te desejei
desejaria minha sorte
que não a morte
nem nada maior
que o que te deixei

me vejo insistente
por tua inércia
e presença quente
a me rodear

queria-te intensa
e assim contante
no eterno instante
que envolvo teus delírios
e meu seio abriga
teus sonhos vazios

te quero despida
de todo pudor
e na noite cinza
te espero paciente
para juntar minha dor
á tua dor

que seja verdade
enquanto te veja
fiel a teu canto
ainda que tragas
sorriso ou pranto
teu próximo plano
afetos quaisquer

teço a rede
pra te envolver
e te faço livre
para desatar
se fazes de mim
sempre teu lar

segunda-feira, 22 de março de 2010

queda

acho que perdi
a conta de mim
ví o tempo da luz
esvair-se em noite cega

tentei tudo além
daquilo que ví
entre tudo que sei
o que sou
e o que aparece

gritei suplicante
por um corpo
que me coubesse
mas entre a terra e o céu
ninguém ouviu minha prece

e ainda perdida
e sem dimensão
senti meu caminho
tender ao infinito
abaixo do chão

segunda-feira, 15 de março de 2010

Protágoras

"o homem é a medida de todas as coisas".

sexta-feira, 12 de março de 2010

corpo de lama

quando partir
não diga o sentido
tudo ao ar
parece divino
se voa
ou apenas sucumbe
a todo destino
caindo perdido

quero deixar-te
a sós com teus dramas
guarda tuas armas
teu desejo crú,
pele em chamas.

não podes mais ver-me
a alma nua
e se queres recomeço
só trago separação
deixo a deixa certa
palavra aberta
e nenhuma promessa

enceno uma trama
e te quero mal
espero a primavera
florecer
este corpo de lama

terça-feira, 9 de março de 2010

teorema

por todos estes dias
andei embaraçada
pelas vias e praças

mas não te encontrei

todos os dias
acordei fatigada
dormi dopada
estive gelada.

a cada hora
destoava

algo em mim
que gritava
o que a voz queria calar

minha alma
cansada

já não quer meu corpo só.


e se me jogo ao alcance
do teu olhar
e eu estou atada,
estampa a tez

é do meu corpo, e só
que a alma tem dó