domingo, 16 de setembro de 2012

eu não quero
nem mereço
resposta

eu quero arder
até me desfazer em calor

eu não quero palavra
quero derreter em dor

eu quero sangrar
até desfazer

até desaparecer,
dispersar
e morrer.

vago atordoada
em meio á multidão
te encaro selada
e meu coração
se devora,
te processa
e demora.

eu foco no nada
em sonhos partidos
e fico parada

dentre os sentidos
algum resiste.

mas sou emoção
que tão insolente,
tão secretamente,
jamais desiste.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

de dia sou terra firme
e a cada passo
alago meu corpo
em melancolia

em teu chão assim
há, de mim, hora a hora
vazio;

e á noite sou mar
sem navio.


te parti, me escondi
usei, joguei, ousei te amar

são as feras em mim
saltando ás artérias
expurgando ardor
sem cor nem mistério.

não temo perder
nem ver acabar
e nem venha a mim
a anunciar, início ou fim

nem bem dizer
o que me atormenta
me ponho ao teu lado
e em nosso afago
teu sangue me esquenta.

mas em tuas mãos
não há razão
para se exaltar
guardo em teu seio
todo o receio
de me entregar.


perdi as dimensões
do universo que abrigo
em meu estômago

são náuseas que gritam
dores que hesitam
mágoas que habitam

e tanta acidez
povoa esta casa
que arde em brasa
do chão ao céu

e o ar que circula
pulmão adentro
é bruma difusa
em pluma e cimento
que esmaga o peito
sem sentimento.